Quando passou a receber os primeiros presos, em fevereiro de 2011, a Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm) foi apontada como a luz no fim do túnel para os problemas do sistema prisional. E, segundo especialistas, um dos pontos fortes da cadeia eram o amplo espaço para as revistas.
Porém, três anos após suainauguração a cadeia, que abriga 538 apenados, sofre com o ingresso de celulares e drogas. Como esses objetos continuam sendo levados para o interior da cadeia? Esta é uma resposta que nem mesmo a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) sabe responder com certeza. Por volta das 10h de ontem, agentes penitenciários e policiais do Batalhão de Operações Especiais (BOE) concluíram o pente fino na galeria D, no módulo 1 da cadeia, que começou no dia 15.
Durante a revista nas celas dos 79 apenados foram apreendidos telefones celulares, drogas e armas (veja quadro). Na vistoria feita há 10 dias, nas 14 celas da galeria B, foram encontrados oito celulares, 11 chips, drogas e armas. Desde 2011, em sete revistas, foram achados pelo menos 69 telefones entre os presos.
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Conforme Júlio Bolzan, que responde interinamente pela delegacia da Susepe, os agentes trabalham incansavelmente para descobrir as formas de ingresso dos materiais, mas nem sempre é possível detê-los. O delegado explica que todos os visitantes passam por uma revista feita por agentes experientes. O principal problema seriam as mulheres que ingressam com objetos nos genitais.
_ De maio a dezembro de 2013, 28 mulheres foram flagradas tentando entrar com aparelhos na cadeia. Este ano, mais sete _ argumenta Bolzan. Sistema de raio X é apontado como a solução.
Sistema de raio-X é apontado como solução
De acordo com Bolzan, além do uso de cães farejadores nas revistas, os agentes contam com um detector de metal. Porém, ao serem envolvidos em fita isolante e papel carbono, os aparelhos não são detectados pelo aparelho. A solução seria um sistema de raio X. Com essa tecnologia, as visitantes não precisariam passar por revista íntima _ feita somente quando o detector de metal sinaliza, quando há denúncia prévia ou os agentes desconfiam da atitude da suspeita.
_ O problema é que este aparelho custa cerca de R$ 1 milhão, e o Estado não teria condições de comprá-lo para os 137 institutos penais gaúchos _ argumenta Bolzan.
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